(Por Fátima Corga - Psicóloga - Instituto Luz)
Primeiro Seja - Relacionar-se é uma das maiores coisas da vida: é amar,
compartilhar. Para amar é preciso transbordar de amor e para
compartilhar é preciso ter (amor). Quem se relaciona respeita e não
possui. A liberdade do outro não é invadida,
ele permanece independente. Possuir é destruir todas as possibilidades
de se relacionar. Relacionar é um processo. Relacionamento é diferente
de relacionar-se: é completo, fixo, morto. Antes devemos nos relacionar
conosco mesmos e escutar o coração para a vida ir além do intelecto, da
lógica, da dialética e das discriminações. É bom evitar substantivos e
enfatizar os verbos. A vida é feita de verbos: amar, cantar, dançar,
relacionar, viver.
O Outro Dentro de Você - Nada machuca mais
do que quando um sonho é esmagado, uma esperança morre, o futuro se
torna escuro. A frustração representa uma parte muito valiosa no
crescimento espiritual. A nova psicologia está baseada nas experiências
da escola mais antiga, tantra.
Qualquer um que seja dependente de alguém, odeia essa pessoa.
Ciúme - Quando há atração sexual e o ciúme entra é porque não há amor.
Há medo, porque o sexo é uma exploração. O medo se torna ciúme. Não se
pode amar alguém não-livre, pois o amor só existe se dado livremente,
quando não é exigido, forçado e tomado. Quanto mais controlamos, mais
"matamos" o outro. As causas do ciúme estão dentro de nós; fora estão só
as desculpas. O amor não pode ser ciumento. Ele é sempre confiante.
Confiança não pode ser forçada. Se ela existir, segue-se por ela. Senão,
é melhor separar, para evitar danos e destruição e poder amar outra
pessoa. Quando amamos alguém, confiamos que não quererá outro. Se
quiser, não há amor e nada pode ser feito. Só através do outro
tornamo-nos conscientes de nosso próprio ser. Só num profundo
relacionar-se o amor de alguém ressoa e mostra sua profundidade: assim
nos descobrimos. Outra forma de autodescoberta, sem o outro, é a
meditação. Só há dois caminhos para chegar ao divino: meditação e amor.
Do Sexo ao Samadi - Só temos uma energia que, no mais baixo, é sexual.
Refinada, transforma-se pela alquimia da meditação e torna-se amor ou
oração. O sexo é o fenômeno mais importante da vida. É natural, não
exige preocupação. Repressão é esconder energias impedindo sua
manifestação e transformação. Até hoje nenhuma sociedade encarou o sexo
naturalmente. O sexo revela que somos dependentes. As pessoas egoístas
são contra o sexo (?) Nele sempre há o risco de rejeição. Nele nos
tornamos animais, porque naturais. Quando aceitamos o passado, o futuro
se torna uma abertura. O tantra usa o ato sexual rumo à integridade, se
nos movermos nele meditativamente, sem controle, com loucura, sem tempo,
sem ego, naturalmente. Tantra é um longo caminho do sexo ao samadi.
Samadi é o supremo gol; sexo é só o primeiro passe. Uma pessoa se torna
Buda quando o sexo é transformado em Samadi. É bom mover-se no sexo, mas
permanecer observador. A meditação é a experiência do sexo sem sexo. O
sexo é um fim em si mesmo e no presente. Sem amor o ato sexual é
apressado. Sem pressa, estando no presente, caminha-se para a comunhão, a
entrega, a espiritualidade, o relaxamento, o fluir, a fusão, o êxtase, o
Samadi. Não há necessidade de ejaculação. Quanto mais observamos, mais
nossos olhos são capazes de ver, mais são perceptivos. "O homem e a
mulher são dois pólos diferentes, o pólo positivo e negativo da energia.
Seu encontro provoca um circuito e produz um tipo de eletricidade. O
conhecimento dessa eletricidade é possível se o período de cópula puder
ser mantido por um período mais longo. Então uma alta carga, produzindo
uma auréola de eletricidade evoluirá por si mesma. Se as correntes dos
corpos estiverem num abraço total e
completo, pode-se até mesmo ver um lampejo de luz na escuridão."
Relacionamento como um Espelho - O amor se relaciona, mas não é
relacionamento, que é algo acabado. Ele é como um rio fluindo,
interminavelmente. Há flores do amor que só desabrocham após uma longa
intimidade. Relacionar-se significa que estamos sempre começando, sempre
tentando nos tornar conhecidos. A alegria do amor está na exploração da
consciência. Quando investigamos o outro, fazemos o mesmo conosco.
Aprofundando-nos no outro, nos aprofundamos em nós mesmos. Tornamo-nos
espelhos para o outro e o amor torna-se meditação. Quando mais
descobrimos, mais misterioso o outro se torna: o amor é uma aventura
constante. Quando estamos apaixonados, a linguagem não é necessária. O
amor não escraviza, não é possessivo nem exigente. Ele liberta,
permitindo aos amantes voarem alto, em direção a Deus. Quando apreciamos
nossa solidão, nos tornamos meditadores. Só quem é capaz de ser feliz
sozinho pode contribuir com a felicidade de outro.
Amor
Verdadeiro - Quando há dependência não há maturidade nem amor, há
necessidade. Usa-se o outro, o que é desamoroso. Ninguém gosta de ser
dependente, porque a dependência mata a liberdade. Os homens sempre
querem mulheres que sejam "menos" do que eles. A maturidade vem com o
amor e acaba com a necessidade. Amor é luxo, abundância. É ter tantas
canções no coração, que é preciso cantá-las, não importando se há quem
ouça. Quando somos
autênticos, temos a aura do amor. Quando não,
pedimos amor aos outros. Quem se apaixona não tem amor e, assim, não
pode dar. Quem é maduro não cai de amor, mas se eleva nele. Duas pessoas
maduras que se amam, ajudam-se a se tornarem mais livres. Liberdade,
moksha, é um valor mais elevado que o amor.
Por isso é que o amor não vale a pena se a destruir.
Solidão e Solitude - Na solitude estamos constantemente encantados
conosco mesmos. Ela é abençoada, um profundo preenchimento, que nos
mantém centrados e enraizados. Ela é independente. Todos são um fim em
si mesmos. Ninguém existe para ser usado. Quem está no pico da solitude
só se atrai por quem também esteja só. Dois solitários olham um para o
outro, mas dois que conheceram a solitude olham para algo mais elevado.
Se estão felizes consigo mesmos, tornam-se companheiros. As palavras
felicidade e acontecimento têm a mesma raiz em inglês. Porque a
felicidade simplesmente acontece. Para ser feliz é preciso deixar
acontecer. O caminho do amor deve ser tomado com tremenda consciência e o
da consciência, com tremendo amor. Depois de cada experiência profunda
nos sentimos sós e tristes: seja um grande amor ou uma meditação. Por
isso muitos evitam experiências profundas. A solitude é bela e livre. É
um momento em que o outro não é necessário. Após essa liberdade o amor é
possível. O amor traz solitude e a solitude traz amor. Já a solidão não
cria amor; apenas necessidade. Ela pode matar. Dois solitários não
conseguem se relacionar porque isso não ocorre a partir da necessidade.
Solitude é uma flor desabrochando, é positiva, saudável. Só o amor dá a
coragem de sermos sós. Só assim acumulamos energia até transbordar e
transformar-se em amor. Sós, acumulamos amor, celebração, dança,
energia, prazer, vida. Só o excesso de energia possibilita o orgasmo,
que não é um alívio, mas celebração. Quando os amantes se afastam,
readquirem sua solitude, beleza e alegria. A alegria traz a necessidade
de compartilhar. A paixão é muito pequena diante da compaixão. Solitude é
mover-se para dentro e amor é mover-se para fora. Ambos os movimentos
são enriquecedores.
Terminando um relacionamento - Onde houver
consciência, há revolta contra a repetição mecânica. Totalidade é a base
da liberdade. Simpatia não é amor.
Não se resolve problemas dentro
da mente, pois ela é o problema, que não se resolve com respostas, por
não ser um problema intelectual, mas existencial.
Em vez de pensar é
melhor entrar no silêncio, que é a porta a caminho da divindade.
Relacionamento não é amor e amor não é relacionamento. Este é pronto e
fechado e o amor é fluir. Relacionamento é estrutura; amor é
não-estruturado. Amor é um processo, um estado de ser. As pessoas
amorosas não precisam de relacionamentos. O relacionamento torna-se
necessário quando o amor está ausente, ele o substitui. É preciso muita
coragem para permanecer aberto, sem criar um relacionamento. O amor
acontece, nós não o fazemos acontecer: só podemos nos tornar
disponíveis. O amor vem do nada, como um solavanco e só é possível entre
iguais. Se escolhemos alguém que tem medo de aprofundar é porque nós
também temos. Quando o amor se aprofunda, aumenta a liberdade. Elevar-se
no amor é um aprendizado, uma mudança, uma maturidade. É algo
espiritual. Quem é sábio não impõe sua idéia a ninguém. A vida é
incerta, a insegurança é seu próprio espírito. Só a morte é certa.
Nunca devemos perguntar sobre problemas dos outros.
Casamento - Ninguém nasce para o outro. Amor e liberdade andam juntos.
Ela é uma expressão do amor. "Dar" liberdade é confiar. O crescimento
precisa de liberdade. De todas as artes, o amor é a mais sutil e precisa
ser aprendida.
Amor é felicidade, harmonia, saúde. Um grande amante
está sempre pronto a dar amor e não está preocupado se vai receber de
volta ou não. O amor tem sua própria felicidade intrínseca. Quanto mais
amamos, maior a possibilidade da pessoa certa acontecer, porque o
coração floresce. O amor real nos deixa felizes e harmônicos pela
simples presença do outro. Amor é eternidade. Se estiver presente,
cresce. Ele conhece o início, mas não o fim. Duas pessoas infelizes que
se unem multiplicam sua infelicidade.
Amizade e Ser Amigo -
Love vem do sânscrito lohba, avareza. A amizade pertence ao templo e não
à loja. Devemos ser amigáveis com todos: pessoas, animais, plantas e
não criar amizades, necessariamente. Amizade é amor sem caráter
biológico. As pessoas iluminadas têm mais inimigos do que as
não-iluminadas, pois os cegos não perdoam quem enxerga e os ignorantes
não perdoam quem sabe. Ser amigável, amoroso, autêntico, inocente sem
causa é suficiente para disparar muitos egos contra si.
Meditação e Amor - Quem quiser harmonia no amor precisa aprender a ser
mais meditativo. O amor sozinho é cego, quem enxerga é a meditação. É
bom substituir brigas por entendimento. Os conflitos existem por falta
de compreensão. As palavras medicina e meditação têm a mesma raiz. A
medicina cura o corpo, a matéria e a meditação cura a alma, o espírito. O
amor é uma meditação e ela desabrocha no amor. Meditação é um estado de
bênção, não-pensamento, serenidade e silêncio. É autodescoberta e a
necessidade de compartilhar: o amor. Meditação é um estado de não-mente,
de pura consciência. É preciso aprender o truque de não nos envolvermos
com a mente, a arte de permanecermos indiferentes. Maturidade é
conhecer algo em nós que é imortal: a meditação, que conhece Deus. A
mente conhece o mundo, fica obcecada pelas nuvens, que vão e vêm. A
meditação busca o céu, que é permanente. Devemos buscar o céu interior. A
meditação pode se tornar
eternidade, é relaxamento em si, é um
estado de não-vontade, de não-ação, de espontaneidade indisciplinada,
sem direção, controle ou manipulação. Ela não tem meta, está no
presente, é imediatismo. Quem medita torna-se silencioso, tranqüilo,
pois a meditação traz paz. É a árvore que cresce sem semente, pois é
mágica, misteriosa. Quem abandona o passado é meditativo. Na meditação
vive-se o momento, nada interfere e a atenção é total, porque não há
distração; só consciência. Quem medita encontra o amor, pois a meditação
nos torna amorosos e o amor nos torna meditativos.
Amor e
Compromisso - Quando amamos alguém não admitimos que o amor possa acabar
e, se ele existe, não há necessidade de arranjo legal. O casamento é
necessário porque não há amor. Amor é a fragrância de um coração
meditativo,
silencioso e tranqüilo; luxúria é paixão cega. Não há como melhorar o amor.
Se é ele, é perfeito. Se não for perfeito, não é amor. Quem quer
conhecer o amor, deve meditar. Só os místicos o conhecem. Ele é um dos
muitos atributos de Deus, que também é compaixão, perdão, sabedoria etc.
Quem está centrado, é meditativo. O amor é uma alegria transbordante,
um estado do ser. O medo é o oposto do amor. O ódio é o amor invertido.
No amor nos abrimos, confiamos, expandimos. No medo nos fechamos,
duvidamos, encolhemos.
Ame a Si Mesmo - Para amar é preciso
conhecer. Daí que a meditação é primária e o amor, secundário. Como o
Sol irradia luz sem foco, a meditação irradia amor sem foco. Amar a si
próprio é meditação, é ser autêntico, aceitar-se com é. Isso é oração, é
gratidão. O amor começa com o amor próprio, com a aceitação de si, de
tudo e de todos. A aceitação cria o
ambiente onde o amor desabrocha.
Também a confiança começa na autoconfiança, que é independência. Quem é
independente, aprende, amadurece e se transforma com as mudanças. O
amor é o fenômeno mais mutante da vida: é como uma flor que se abre a
cada manhã. Só os independentes podem amar e ser amados.
Diante de um problema o que mais importa é saber exatamente qual é problema e não sua solução.
Uma Nova Dimensão de Amor - O amor é mais verdadeiro e autêntico do que
nós. Todo caso de amor é um novo nascimento. O ego é como a escuridão,
mas quando chega a luz do amor, a escuridão se vai. As escolhas devem
ser pelo real, pior e doloroso e não pelo confortável, conveniente e
burguês. O amor nos tira do ego, do passado e do padrão e por isso
parece confusão. Ficar louco de vez em quando é necessidade básica para
permanecer são. Quando a loucura é consciente, pode-se voltar. Todos os
místicos são loucos. O amor é alquimia porque primeiro tira o ego e
depois dá o centro. Amar é difícil, mas receber amor é quase impossível,
porque a transformação é maior e o ego desaparece. É o anseio pelo
divino que impede que qualquer relacionamento satisfaça. As pessoas mais
criativas são as mais insatisfeitas porque sabem que muito mais é
possível e não está acontecendo. Amor 1: é orientado a um objeto. Amor
2: ele transborda, não é orientado por um objeto. É uma amizade que
enriquece a alma. Amor 3: sujeito e objeto desaparecem: a pessoa é amor.
Artigos, mensagens e pensamentos de autores variados. Se esse blog incentivar e ajudar ao menos uma pessoa a despertar para um autoconhecimento, já valeu! Procure refletir! Reveja crenças e valores. Pergunte-se: Eles estão alinhados com O Criador? Expanda sua Consciência. Vá ao encontro da sua Verdadeira Essência. Tenha uma visão mais holística de você e do mundo. Esse blog não é dono da verdade. É apenas um caminho de LUZ! A Verdade? Só com Ele mesmo, O Grande Arquiteto do Universo.
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